Inépcia e Inabilidade Política marcam a atual administração da FUNAI.

Após seis meses na direção da FUNAI, o Delegado Marcelo Silva tem acumulado crises fortuitas que demonstram inépcia e inabilidade política no trato com aliados decepcionando produtores rurais e lideranças indígenas que esperavam muito mais desta nova gestão e desagradando importantes aliados do Presidente. A gestão descuidada do órgão indigenista cria divergências e desgastes políticos desnecessários que enfraquece as bases políticas do Governo Bolsonaro entre os indígenas, desagrada produtores, estremece importantes alianças com lideranças e adia por tempo indeterminado o início da execução de uma nova política indigenista e abre um flanco que vem sendo utilizado pelo indigenismo.

Confesso que já tive esperanças de que o Delegado Marcelo Xavier da Silva, fizesse algo de novo pela FUNAI. Em junho de 2019 eu fui o primeiro e um dos únicos analistas sociais a fazer uma postagem celebrando a indicação de Marcelo Xavier à Presidência da FUNAI. Não o conhecia muito bem, nem a pessoa nem o histórico do Delegado, mas apostei que sua participação na CPI da FUNAI e do INCRA parecia ser o suficiente para defender o equilíbrio dos direitos republicanos. Ledo engano. Errei e agora corro para corrigir o erro antes que seja tarde demais e os efeitos sejam irreversíveis. Por isto aviso: o Delegado Silva padece de limitações pessoais ou psicossociais que debilitam a Presidência do importante órgão indigenista, dentre elas sua incapacidade de lidar com aliados de destaque social e uma tendência perigosa de tratá-los como “adversários” ameaçando-os de “colocar a PF para investigar” e ainda “interpelação judicial”.

Não demorou muito contudo, para que chegassem os primeiros indícios de que as coisas não estavam sendo conduzidas com cuidado necessário, ainda mais com os poucos aliados indígenas do governo Bolsonaro. Os primeiros indícios começaram ainda em meados de 2019 quando duas das mais importantes lideranças indígenas da base aliada de Bolsonaro no sul do país não acreditavam nas mensagens que passaram a receber do Delegado Silva: o advogado indígena Ubiratã Maia Wapichana, passaram a ser ou ameaçados ou desprezados pelo atual Presidente da FUNAI.


Ubirata Maia, advogado, empreendedor indígena, aliado do Presidente Jair Bolsonaro desde os tempos do Congresso Nacional. Ubiratan é indígena roraimense, da etnia Wapichana, profundo conhecedor das demandas indígenas de Norte a Sul do Brasil, exímio combatente das demandas indígenas no judiciário e favorável a mineração em terras indígenas como uma das formas de desenvolvimento. Por incrível que possa parecer, o Presidente da Funai Marcelo Silva também se indispôs com o advogado, por pura imaturidade. Marcelo Silva, certa vez disse nos bastidores: “O Ubiratan jamais quero té-lo por perto”.

Afinal de contas, o que leva o Delegado Silva a repelir os indígenas qualificados e aliados do Presidente Jair Bolsonaro? Lideranças indígenas que se empenharam na campanha eleitoral para o então candidato Bolsonaro. Profissionais que chegaram a ocupar cargos elevados da estrutura interna da FUNAI e têm atuado incansavelmente em prol de comunidades indígenas de norte ao sul do País, sendo Ubiratan o idealizador da carta dos Produtores Indígenas que Bolsonaro leu em seu pronunciamento na ONU.

Em menos de um mês de sua atuação, o Delegado Silva já dava os tinha por adversários passando a ameaçá-los em conversas e ligações privadas que pretendiam amedrontar e intimidar quem antes lhe apoiou para o cargo. Se o evento fosse único e isolado, poder-se-ia desconfiar de motivos pessoais para tal situação. Só que o mesmo comportamento vem se repetindo.

Bem longe dali, em Santarém-PA, um importante polo de combate do indigenismo aloprado, lideranças indígenas relatam situação assustadora não pelas ameaças covardes e irresponsáveis do Delegado Silva, mas pela inépcia e total incapacidade do Presidente da FUNAI entendesse a situação de adversidade regional atendendo-lhes um único pedido: que designasse um importante aliado regional para coordenar o órgão na região do Baixo Amazonas. O pedido é o mais simples possível, mas com o Delegado Silva, nada é simples para os aliados do Presidente Bolsonaro, senão, vejamos:

Em meados de setembro, lideranças indígenas que então acreditavam no Governo Bolsonaro, enviaram uma Carta de Recomendação da AIEPA (Associação Indígena do Estado do Pará) indicando um aliado e militar Moisés Lívio Sá para que assumisse a Coordenação Regional de Santarém. Mas, para a desagradável surpresa dos indígenas, o Delegado Silva decidiu inaugurar uma nova forma de presidir a FUNAI: indo manifestamente contra as lideranças indígenas regionais. Não bastasse desprezar totalmente a indicação apresentada em carta pelo Presidente da AIEPA, o Delegado Silva ainda teve a inteligência ideia de ligar para os indígenas o cara e ameaçar colocar a Polícia Federal para “Investigar a postura e a sugestão deste aliado político” e para fazer uma “interpelação Judicial” das lideranças indígenas que são as principais aliadas de Bolsonaro nas aldeias da região dominada por ONGs e movimento indígenas esquerdistas na região. É difícil imaginar uma postura mais desastrosa de um presidente da FUNAI e chega a ser inacreditável tamanha inépcia. Não por acaso os líderes da AIEPA escreveram uma Nota de Repúdio ao atual presidente para mostrar que enquanto isto, não só em Santarém, mas em todo o Oeste do Pará o órgão indigenista continua infestado de ONGueiros, esquerdistas e militantes que usam os indígenas como peões num jogo político cruel. Em Altamira o administrador regional da FUNAI ainda anda todo o lado trajando não o uniforme da FUNAI, mas camisetas de apoio ao presidiário #LulaLivre, enquanto usa os índios para jogá-los contra o Presidente Bolsonaro e seu projeto de colaborar na promoção dos indígenas. Com este Presidente da FUNAI que não sabe como lidar com aliados, Bolsonaro jamais conseguirá transmitir esta mensagem de parceria.

Para completar sua trajetória de trapalhadas, na semana passada Delegado Silva conseguiu desentender-se com Ysani Kalapalo a principal voz indígena no suporte do governo Bolsonaro entre a população ameríndia no Brasil. Além de desentender-se com a porta-voz indígena, o que já seria grave, o Delegado Federal também recorreu também à sua já proverbial ameaça de “interpelação judicial” alegando que “não admitia críticas à sua administração”. Parece inacreditável esperar isto de uma pessoa pública, mas foi isto que revelou o print divulgado no Twitter pela Kalapalo, que também gravou um vídeo denunciando a postura autoritária do iracundo Delegado Silva.

Que o neófito Presidente “não admita críticas à sua administração” e ameace adversários, nem chega a ser surpresa já que o Delegado, reservou o mesmo tratamento ao jornalista Hélio Nogueira ameaçando-o de “interpelação judicial” pelo mesmo motivo, ou seja, criticar sua inabilidade política. O que incomoda e assusta mesmo é constatar que o mesmo tratamento não é reservado aos adversários e inimigos do governo Bolsonaro. Não há notícias de que o Delegado Silva tenha ameaçado qualquer coisa contra o cacique Raoni Metuktire ou a Davi Kopenawa Yanomami, que por sinal, tem não só declaram que Bolsonaro é o pior Presidente para os indígenas, como já pediram seu Impeachment por isto.

Marcelo tem revelado um grau de insegurança e despreparo para os desafios do cargo de presidente da FUNAI que coloca o Governo em situação de emergência política. O comando e gestão do órgão indigenista sempre foi complicado, mas com o atual Presidente da FUNAI a situação caminha para ser desastrosa para o Governo Bolsonaro. Já seria difícil para qualquer profissional enfrentar o movimento indigenista esquerdista, mas com o Delegado Silva, a situação pode ser desastroso para . Sua inabilidade e inépcia política já chegaram a um grau de desgaste absolutamente desnecessário ao Governo Bolsonaro se o mesmo ao menos se sentasse para conversar com os aliados e ouvir as críticas construtivas ao invés de ameaçar levá-los à Justiça ou Polícia Federal já seria um bom começo.

O Delegado Silva pode até ter boa vontade e tentar tomar medidas importantes na condução do órgão, mas perseguir aliados e tomá-los por adversários, desperdiçando e destruindo a base política aliada do Governo Bolsonaro é o que o Delegado Silva tem feito de melhor ao longo dos últimos meses. Agindo assim, acumula crises desnecessárias que acaba espantando aliados, desagradando produtores rurais e lideranças indígenas que esperavam muito mais desta nova gestão.

Nosso Delegado Silva, parece desconhecer as regras mais básicas da luta política, quer agir e fazer tudo sozinho impedindo que outras lideranças atuem em conjunto no combate ao esquerdismo instalado no movimento indigenista aloprado. Padece também de uma miopia interpretativa, enquanto quer só para si o mérito do combate à ideologia esquerdista, mas espera que suas medidas contra o aparato indigenista instalado na FUNAI não sejam vistas, percebidas ou notadas pela esquerda, com quem espera alianças impossíveis.

Espera-se que ações de correção da conduta do inepto presidente sejam tomadas em caráter emergencial. Em qualquer outro órgão público, tanta inépcia política seria apenas um motivo de preocupação, mas à frente da FUNAI, a inabilidade política do Delegado Silva ameaça à manutenção de alianças estratégicas com lideranças e grupos indígenas e compromete a execução de uma nova política indigenista do Governo Bolsonaro, perdendo a oportunidade única uma nova era no indigenismo nacional. Esperamos sinceramente que a situação seja resolvida a tempo de, sem desmerecer as poucas medidas acertadas do Presidente, se reverta ainda o estrago que está causando. Sentar-se numa mesa com os aliados do Presidente, baixar as armas e o tom da voz e simplesmente ouvir e conversar já seria um bom começo, medida que proposta por mim, até hoje não foi sequer aceita pelo Presidente da FUNAI. Vamos aguardar uma reação sensata daqui para frente.

Sobre edwardluz

Contatos: PA: 93 991616840 Email: edwardluz@gmail.com ou edwardluz@hotmail.com Sou Edward M. Luz antropólogo brasileiro, viajante pelo Brasil, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, mesma universidade onde cursei e concluí graduação e mestrado em Antropologia Social (Lattes : http://lattes.cnpq.br/7968984077434644 ). Iniciei carreira profissional em trabalhos de identificações e delimitações de terras indígenas em 2003 e desde então exerci esta função de Antropólogo Consultor em três ocasiões, sempre contratado pelo convênio FUNAI/PPTAL. Durante os últimos sete anos trabalhei na identificação e demarcação de oito (8) terras indígenas, todas no estado do Amazonas. Sempre trabalhei orientado pelos artigos 231 e 232 do texto Constitucional, obediente à Portaria 14 e atento ao Decreto 1775/96 e acima de tudo, norteado pelos princípios acadêmicos de imparcialidade e cuidado aos quais acrescento sempre bom senso, equilíbrio e por um forte senso ética e responsabilidade com a vida dos meus interlocutores que estudo. A observância de tais princípios me colocou em rota de colisão com alguns antropólogos e sobretudo com a FUNAI, o que culminou com a rejeição de minha postura democrática e de diálogo com as partes envolvidas em demarcações de quilombos e Terras Indígenas. Independente de quem serão meus adversários continuarei batalhando contra e enfrentando esse perigoso processo político de etnicização do Brasil, esforçando-me por promover o diálogo, a postura democrática e as soluções racionais e dialogadas para o crescente conflito étnico no Brasil, mantido e estimulado por ONGs e órgãos que precisam desesperadamente do conflito para manterem e justificarem uma ideologia fracassada, que se espalha por ONGs, pela parte ideologicamente comprometida da universidade brasileira e sobretudo por servidores de importantes e respeitáveis instituições republicanas brasileiras que precisam ser resgatadas do pernicioso processo de aparelhamento político do estado a que foram submetidas. Continuo disposto a trabalhar em soluções republicanas e democráticas par as situações dos conflitos étnicos em todo território nacional. Prof. MSc. Edward Mantoanelli Luz. Antropólogo Consultor da Human Habitat Consultoria LTDA
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2 respostas para Inépcia e Inabilidade Política marcam a atual administração da FUNAI.

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